terça-feira, 10 de junho de 2008

O divisor de águas

Cansado de viver os sentimentos rasos, mergulhou mais fundo. A esmo vagando no imenso azul, quase se afogou mas teve a sábia idéia de ir até o fundo (porque ainda se sabe pra onde ficam cima e baixo, mesmo no vazio completo) e pegar impulso com os pés - firmes como o resto de seu corpo calejado de tantos desencontros -, e subiu. Quando chegou lá em cima, olhou ao redor e não viu nada. Nem uma ilha, nem pássaros, nem poeira. Ficou boiando alguns meses, à deriva, alguns barcos vieram, outros foram e ele até resolveu entrar em alguns para, depois, se jogar ao mar no meio da noite, quando ninguém olhava. Admirou por mais 83 dias o azul do céu quando resolveu que queria mesmo era nadar: nem descer nem ficar por ali, só nadar.

20 dias depois percebeu que era hora de parar. Não acreditava ainda ter a capacidade de sentir aquilo, mas sentiu, e, então, pousou levemente as mãos voltadas para o céu contra o suave sobe e desce das ondas, deixou o corpo pesar um pouco e relaxou. Até dormiu. Quando acordou, sentiu aquele cheiro. O Cheiro. E soube que existia amor dentro de si ainda e dormiu novamente, em fim, em paz. Dormiu ali Tiago até quando não sabemos. Tiago, que estaria meio morto antes de 30 dias depois.

"A magia entre nós é perene"

... E pode anotar!! Confia em mim =)