sexta-feira, 20 de julho de 2007
quinta-feira, 19 de julho de 2007
A midia selvagem
Cara, morreram 200 pessoas num acidente, causado por falha humana. Mas as mais de 1000 mortes diarias geradas pela fome, causadas pela NEGLIGENCIA humana, ninguem nem comenta na midia. A diferenca eh que as pessoas que morreram tinha uma participacao na economia, enquanto os mortos de fome, literalmente falando, nao servem pra nada, so pra fornecer produtos primarios a preco de banana (me desculpem o trocadilho). Eu estou aqui para criticar a postura do homem em relacao ao semelhante. Mas parece que quando falamos de semlhanca, as pessoas pensam nas semelhancas da carteira, e nao nas semlhancas fisicas, celulares, sanguineas, capilares, faciais.
Meu intuito nao eh criticar o acidente em si, mas sim a diferenca que a imprensa dá em entre a morte de 200 pessoas de classe media num acidente e morte por falta de comida de outras 1000 que nem classe tem, estao à margem da sociedade.
Eu respeito os familiares das familias, e que aproveitem enquanto o mundo ouve seu choro. Pois o pranto calado de muitos outros eh usado pra ganhar dinheiro.
Essas pessoas...
Quando vai ser o próximo?
"A cada nova crise nos aeroportos, a cada novo movimento dos controladores, a cada derrapada de avião, a cada pane no sistema de rádio ou nos radares, uns sempre diziam e outros sempre pensavam: "Quando vai ser o próximo acidente?"
Foi nesta terça-feira, menos de dez meses depois da queda do Boeing da Gol que se chocou com o jato Legacy nos céus de Mato Grosso, matando 154 pessoas e implodindo a credibilidade do sistema aéreo no Brasil. Até hoje, era o maior acidente da história da aviação brasileira. Não é mais.
No Airbus da TAM que explodiu no coração de São Paulo, havia quase 180 pessoas. Além delas, morreram também ainda incontáveis pessoas em solo, com as vítimas sendo recolhidas uma a uma em meio a um inferno de chamas.
O controle de aproximação autorizou o pouso, o avião tocou o solo e não parou. Ultrapassou a pista e se lançou sobre uma avenida até explodir no choque com um depósito da própria TAM, deixando a impressão nos experts de que o pouso foi além do "ponto de toque" e não houve pista suficiente para parar. O piloto teria, então, tentado arremeter (subir novamente), sem sucesso.
As circunstâncias eram todas desfavoráveis: chovia, a pista estava escorregadia, a reforma mal (em duplo sentido) terminou e, afinal das contas, não pode ser pura coincidência que o maior acidente da história acontecer exatamente em Congonhas, no dia seguinte à derrapagem de um pequeno avião da Pantanal. É o aeroporto mais congestionado do país, há décadas se sabe que é inviável e os relatórios oficiais já acendiam o sinal amarelo havia meses. Qualquer um sabe disso, no governo civil, na Aeronáutica, na Infraero, na Anac, nas companhias. Mas ficaram todos esperando ocorrer o pior. Ocorreu.
Resultado: em Brasília, o clima é de total empurra-empurra. O ministro da Defesa, Waldir Pires, estava justamente numa audiência com Lula para discutir o orçamento da Força Aérea, mas, como sempre, foi o último a saber do acidente. Já em casa, teve de voltar ao Planalto. A Aeronáutica diz que não tem nada a ver, porque desta vez o controle de tráfego aéreo não tem nenhuma responsabilidade. E joga a culpa na Infraero, que cuida da infra-estrutura dos aeroportos, e na Anac, a agência civil que substituiu o antigo DAC e que não tem força --talvez nem vontade-- de enfrentar as companhias para de fato regulamentar o setor e definir a malha aérea brasileira.
Como ficam sob o foco também as próprias companhias, por não aceitarem abrir mão da concentração de vôos em Congonhas, que consegue ser ao mesmo tempo um aeroporto condenado e o aeroporto mais congestionado do país. É o típico caso em que o dinheiro fala mais alto do que a segurança.
O que explodiu hoje não foi só o Airbus da TAM. Foi também o resquício de credibilidade que ainda sobrava do sistema de vôo no país e a capacidade de o governo, no seu conjunto de órgãos responsáveis, gerir a situação O que há é o caos. Junto com a dor, a perplexidade e a sensação de que não tem mais conserto.
Desculpe, mas o que todo mundo agora se pergunta é: "Quando vai ser o próximo?""
Eliane Cantanhêde