quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quem sabe... tudo acontece

Quem sabe, um dia iremos acordar, olhar para o céu, ver as nuvens mudando de lugar, as folhas do outono no chão da vida, o vento frio da insensatez não desmanchando nosso castelo de sonhos, e descobrir que tudo o que falamos, acreditamos e fizemos contribuiu para um lugar melhor, acrescentou melhoria nos que andaram ao nosso lado, somou para os que depositaram esperanças em nossas mãos, e assim tudo valeu a pena, tudo foi grandioso e merecedor, e por conta disso, todos os novos dias serão confortáveis e de mente tranquila, coração em paz, brilho nos olhos, pétalas de concórdia esparramadas em nossa estrada.

Um dia, quem sabe, iremos despertar desta realidade comodista, enxergar o horizonte da existência, vislumbrar um porto calmo e sereno, sentir o calor flamejante de uma paixão, e aprender que tudo o que refletimos, idealizamos e praticamos, foi preciso para aprender mais, aprender que nada somos quando sós, nada temos quando não repartimos, nada damos quando não ofertamos de nós próprios, nada cala na alma quando tudo é supérfluo, fugaz e efêmero, e por causa desta constatação nosso existir será iluminado e contemplativo.

Quem sabe, um dia... assim, sem mais nem menos, vamos acordar na noite da humanidade, sobressaltados e felizes por termos acordado, agradecidos por abrir os olhos e enxergar mais, gratos por tanto tempo de euforia, entusiasmados com o novo e prometido tempo, em que todos darão as mãos, corações se entrelaçarão, nossos sapatos andarão lado a lado, nossos cabelos se embaraçarão aos outros cabelos, olhos mirarão nos olhos, e aí quero ver o que você fará ao nos ver tão feliz...

O paradigma dos elogios

Falas como "Parabéns!!", "Nossa, você está linda hoje, hein!!", "você foi sensacional". São elogios. Frases feitas, clichês, composições cheias de intenções (ou não). Poderíamos simplesmente agradecer e retomar a atividade, mas sabemos que nossa reação a um elogio não é das mais simples. Talvez por conta da vaidade ou "auto-rejeição".

Existem pessoas que rejeitam um elogio tão forte quanto rejeitam seus próprios méritos. Não aceitam sequer um parabéns por grandes conquistas ou mesmo pelo aniversário. São pessoas que dizem não se importar com opiniões alheias e que tomam um elogio quase como uma ofensa. Não se achar merecedor de uma palavra bacana demonstra que existe um excesso de auto-suficiência, simplicidade ou rejeição a si mesmo?!

O mais engraçado de tudo isso é que muitas vezes não só negamos o elogio, como também a pessoa que o fez. Repare quantas vezes já aconteceu de alguém te dizer uma coisa boa sobre você e sua resposta é sempre a mesma: "Ah, mas vindo de você não vale né..."

Tiramos todo o valor que, com certeza, são os que muito nos estimam. Sim, porque você diz isso para seus pais, tios, amigos, amigas, irmãs, ... , (?)
Não entendo... se "vindo de você não vale", então o que e/ou de quem vale?!

Receber um elogio sincero, sem intenções e feito de coração não implica em se tornar fútil, vaidoso ou arrogante. É simples assim: com um boa dose de humildade, todo mundo é capaz de ouvir, agradecer a atenção prestada e aceitar a palavra como se aceita um presente.