domingo, 23 de setembro de 2007

Nascimentos

A teoria literária já determinou que o único componente fundamental de uma narrativa é o conflito.

O esqueleto fundamental ao redor do qual cresce a carne de todas as histórias é o mesmo: (1) no primeiro momento, está tudo bem; (2) no segundo, surge um conflito; (3) no terceiro momento, o conflito é resolvido ou não.

Nesse intervalo cabem todas as histórias da Terra, contadas ou não, das tragédias gregas à novela mais recente da televisão.

O conflito é uma tensão que surge na história para apertar a vida do protagonista. Romeu e Julieta se amavam, mas suas famílias se odiavam. Indiana Jones queria paz, mas os nazistas estavam querendo colocar suas mãos na Arca Perdida. Jack e Rose estavam dispostos a investir tudo no seu amor, mas no meio do caminho tinha um iceberg. Frodo era um hobbit pacato, mas em seu caminho havia um Anel.

O conflito não apenas faz a história avançar: ele é a sua razão de ser. O conflito é o sopro de vida da narrativa – para a história, o conflito é uma graça paradoxal.

Sem conflito não haveria história.
Indiretamente da fonte, Bacia das Almas

VERDADE: revelar ou não?!

"Acredito que cada um deva saber o quanto custa ignorar a verdade, seja ela sobre nós, ou seja ela sobre qualquer outra pessoa. Isso é um preço muito caro que teríamos de pagar.

Talvez eu não seja a pessoa certa para comentar a respeito, mesmo porque tenho minha opinião a respeito. Sou do tipo que prefere sempre revelar a verdade (em toda sua essência) mesmo acreditando que, em algumas vezes, o silêncio talvez seria uma decisão mais sensata.

São raras as vezes que me omito, e quando isto acontece, não é por uma questão de comprometimento. Minha decisão está fundamentada nos 3 estágios por onde a verdade costuma passar.

No primeiro, ela é ridicularizada, principalmente por aqueles que não conseguem aceitá-la em toda a sua essência. No segundo, ela sofre com a oposição, que muitas vezes vem de uma forma violenta. No terceiro, ela é, de fato, aceita e, a partir daí, passa a ser clara e evidente.

O sofrimento e a disputa nos dois primeiros estágios são imensuráveis. Através deles, podemos entender a opção daqueles que preferem não revelar nada, até porque, nem todas as verdades são para todos os ouvidos, e no meio de muitas disputas, ela pode até se perder de vez.

A verdade sempre existiu e ela só vem à tona, quando uma determinada mentira é inventada. Lembro-me de uma frase de Mahatma Gandhi; que dizia mais ou menos assim: “A verdade é dura como o diamante e delicada como a flor do pessegueiro”.

Sim, enquanto a verdade é dura como o diamante, é a mentira fraca quanto um fio da mais fina linha. Enquanto ela é delicada como a flor do pessegueiro, a ausência dela é tão complicada quanto o mais complexo teorema.

Aqueles que vivem na mentira, passam pela vida, sempre angustiados, enquanto que aqueles que se convencem que amam a verdade, despertam para a possibilidade de viverem livres.

Ninguém precisa sair por ai à procura da verdade; ela está e sempre esteve ao nosso lado. Basta cada um acatar aquele terceiro estágio e aceitá-la como uma fonte de riquezas, de caráter, responsabilidades e nobreza.

Temos que expor a verdade para produzirmos nossos principais tesouros, mas não podemos nos esquecer que é necessário saber revelá-la, para que ela não se transforme numa enorme mentira."
Tiago Illan