sábado, 12 de julho de 2008

Como nascem os grandes

Os grandes times nascem na derrota. E crescem discretamente, com pouca gente se dando
conta do que está se passando. A história aconteceu com o Flamengo inúmeras vezes. A terceira partida de Fleitas Solich como técnico rubro-negro, em 1953, produziu um dos maiores vexames do clube. Derrota por 6 a 0 para o Corinthians, no Pacaembu, com pênalti perdido por Rubens, o Doutor Rúbis. Oito meses depois, com a mesma base do vexame, o Flamengo levantava a primeira taça do que viria a ser o tricampeonato de 1955.
Em 1978, Washington Rodrigues, o Apolinho, decretou que Júnior não tinha futebol para ser lateral-esquerdo do Flamengo, depois da derrota por 5 a 2 para o Grêmio, no Olímpico.
E assim foi também com o time de hoje, que ainda não é grande, mas anuncia que será. Muita gente dirá que o Flamengo recuou demais, até que assistiu ao Atlético em parte do jogo do Mineirão.
Mas, postado na defesa, marcou forte e saiu para o ataque com autoridade. Quem quisesse ver, veria que o gol estava maduro cinco minutos antes de Marcinho fuzilar o goleiro Édson.
Quem quiser ver, verá a autoridade do líder, na derrota ou na vitória.
Verá que, na Gávea, está nascendo um belo time de futebol, como mostraram Marcinho, Kléberson e Juan ontem à noite.
Aquele Flamengo histórico, campeão brasileiro de 1980, perdeu do Atlético, no Mineirão, a primeira partida das finais. A chance de perder a decisão fez, naquela época, muita gente boa adiar a certeza de que aquele Rubro-Negro seria eterno.
Há um ano e meio, quem observa o Flamengo jogar com olhos de lince vê algo mudando na Gávea. Mudava quando o time perdia sob a direção de Ney Franco e quando vencia com Joel Santana. Mas ficou mais claro que mudou agora, que ocupa a liderança, mesmo oscilando entre vitórias como a de sábado, sobre o Náutico, ou derrota contra o São Paulo.
Há uma característica do futebol brasileiro de hoje que torna mais difícil prever quando se formam os times históricos: o êxodo. Com tudo pronto para imaginar o Flamengo brigando pela taça, anuncia-se a transferência de Renato Augusto para o Bayer Leverkusen.
Na terça-feira, já sabendo da possibilidade de perder seu meia, Caio Júnior pensava em Ibson:
– É ótimo que esse fique, porque também joga mais à frente – dizia o técnico.
Por tudo isso, o dia da perda de Renato Augusto não foi um dia triste para os rubro-negros. Foi dia de ver o time jogar como líder. Como o time que anuncia, para quem quiser entender: vai brigar pelo título que não é seu há 16 anos.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Raio-x de um LÍDER

Qual é o segredo deste Flamengo líder do Brasileirão? Está aí uma pergunta fácil de se responder...

Porque no campeonato de pontos corridos não tem segredo. Destaca-se não só aquele que tem o melhor time (o do Flamengo é muito bom, faz tempo), como aquele que tem mais elenco e que chega mais pronto à competição.

Este Flamengo joga com a mesma base do campeonato do ano passado. As novidades Kléberson, Tardelli, Jônatas e Marcinho foram entrando no time ao longo do Carioca, quando Joel foi inteligente ao lançar os novatos aos poucos. O Estadual deve servir para testes mesmo.

É mais fácil entender o sucesso da campanha no Brasileiro até aqui se a gente olhar o Flamengo desde o segundo turno do campeonato de 2007, quando somou 32 pontos em 19 jogos e acabou na quarta colocação (e em terceiro na classificação geral). Desde o segundo turno do Brasileiro do ano passado, o Rubro-Negro não pára de crescer.

Se conseguíssemos apagar da história a goleada sofrida para o América na Libertadores, o mico do ano no futebol brasileiro, daria para dizer que o Flamengo está perfeito de um ano para cá.

Vejam seus números até começar o Brasileirão, do segundo turno de 2007 até hoje, somando ainda a carioca e a Libertadores: 47 jogos, 29 vitórias, 8 empates, 10 derrotas, 83 gols, 50 gols contra, saldo de 33. O clube somou 95 pontos, com um aproveitamento de 67%.

Se fôssemos colocar o Flamengo em um gráfico, do segundo turno do ano passado até a liderança do Brasileirão 2008, tirando a fatídica noite contra o América, ele seria de crescimento linear. Hoje, depois de nove rodadas, o time conta com um aproveitamento de 81,48% (é algo absurdo um aproveitamento destes).

O time está pronto há mais tempo que Cruzeiro, São Paulo, Palmeiras e Inter, que para mim são as equipes que brigam pelo topo este ano. Manteve a base do ano passado e foi se reforçando bem e aos poucos durante o Estadual.

Para se manter lá em cima, "basta" que o Flamengo continue fazendo o que já faz há um ano. É diferente de quando o Botafogo disparou na liderança ano passado. O histórico e o elenco do Flamengo são bem mais consistentes.

O campeonato deste ano tem favorito. Alguém discorda?

Eu avisei!

Como eu temia... O Fluminense perdeu a final da Libertadores para a LDU, do Equador. Já começo logo dizendo que não sou hipócrita e não estava mesmo torcendo pelo tricolor das Laranjeiras. Não acredito nisso. Time não é seleção. Sou Flamengo, clube arqui-rival dos tricolores, e me é inconcebível a possibilidade de torcer para que eles ganhem alguma coisa. É como me imaginar torcendo para a Alemanha na Copa do Mundo. Simplesmente não rola. E nem esse papo de “temos que torcer pelos clubes do Brasil”. Clube do Brasil que eu torço é o Flamengo, clube do mundo que eu torço é o Flamengo, portanto nunca torci e nunca torcerei pelo Fluminense, assim como tenho certeza que qualquer gremista jamais torcerá pelo Internacional, ou um corinthiano jamais torcerá pelo São Paulo. Questão de princípios. Dito isso, sigo adiante.

Meu prazer pela derrota tricolor não se deve unicamente a minha natural antipatia pelo clube das Laranjeiras, nem por deboche com a torcida do clube que acreditou – até demais – até o final. Mas sim pelo comportamento de seus dirigentes, e em especial do seu técnico, Renato Gaúcho. Da torcida nem falo mesmo, porque torcedor é torcedor, e tem o direito de falar o que quiser. Eu mesmo digo um monte de besteiras quando se trata de Flamengo. Mas daí a justificar a arrogância com que vinham se comportando os comandantes da nau tricolor...

Renato Gaúcho parece viver com um olho no seu time e outro na Gávea. Passou boa parte dos últimos tempos fazendo comparações esdrúxulas da situação deles com a do Flamengo. Entre suas pérolas estão – “Tenho certeza que o treinador deles gostaria de trocar de lugar comigo”, sobre o fato do Flamengo ser líder do início do Campeonato Brasileiro, mas estar eliminado da Libertadores. Renato também disse que com o fim da competição continental, o Fluminense ia “brincar no Brasileirão”. E que estava a “5 metros da Libertadores do ano que vem, enquanto todos os outros clubes do Brasil estavam a 5.000 km”.

Ao fim da derrota catastrófica em Quito, quando perderam a primeira partida da final por 4x2. Isso mesmo: Quatro a dois! Depois disso, ele voltou a atacar dizendo, entre outras besteiras, que tinha certeza absoluta que o Fluminense seria o campeão. Em suma, continuou tripudiando em cima do bom senso, ignorando que estava disputando o título da competição com uma equipe que defendia com unhas e dentes a bandeira do seu país, que jamais havia ganho um importante título internacional antes. (Aliás, por esse prisma, a vitória da LDU foi mesmo de emocionar!)

A semana do jogo aqui no Maracanã, foi de uma algazarra comparável ao mico que meu Flamengo pagou na sua trágica e traumática eliminação para o América do México daquele gordinho-que-não-se-fala-o-nome num blog de flamenguista. Escutei calado todo tipo de gozação aqui (lembram?) e em todo lugar que fui naquela época, e agora tive que agüentar as comemorações adiantadas dos prepotentes tricolores. Mais uma vez, perdôo a torcida, mas não os profissionais do Fluminense.

Eis que veio o jogo e apesar de ter lutado, o Fluminense perdeu o título para os equatorianos. Não posso mentir e dizer que não fiquei feliz. Não com a tristeza da torcida tricolor, que sei o quanto deve estar sofrendo, assim como nós sofremos algum tempo atrás, mas pela patacoada que armaram. Festa no sambódromo, no MAM, até serpentinas tricolores caíram no palco na hora da entrega da taça à LDU, mostrando o quanto o Flu ignorava a possibilidade do adversário ser o campeão.

Bem vindo à realidade, Renato. Seu time agora é o último colocado do Campeonato Brasileiro, e não ganhou sequer um turno do Campeonato Estadual. O Fluminense está zerado em conquistas esse ano, e assim deverá terminar a temporada. Estão bem longe da Libertadores do ano que vem. Então da próxima vez, pense bem antes de continuar com sua fanfarronice. Mas parece que não... Ele já andou garantindo que o clube certamente estará “no mínimo” classificado para a Libertadores. E nem sequer saiu da zona de rebaixamento!

Assim como o senhor Roberto Horcades, presidente do Fluminense, que disse que depois que assumiu o clube foi “campeão de tudo”. Tudo o que cara-pálida? A Copa do Brasil do ano passado e o que mais? Dá um tempo...

Meus sinceros parabéns, os senhores conseguiram! Levaram o Fluminense para o final da fila. Boa sorte tentando achar o caminho de volta.
Pedro Neschling

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mensagem escrita no ano 2036

Olá amigos e amigas,

Acabo de completar 50 anos de idade, mas a minha aparência é de 85 anos. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Acredito que tenho pouco tempo de vida. Sou quase uma exceção na sociedade por causa da minha idade avançada. Lembro bem de 1991, quando estava ainda com cinco anos. Nossa, mas como era tudo tão diferente... havia muitas árvores nos parques, todas as casas com lindos jardins, e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro. Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele.

Antigamente, todas as mulheres mostravam seus maravilhosos e sedosos cabelos, mas hoje, somos obrigados a raspar para mantê-la limpa sem água. Meu pai sempre lavava o carro com uma mangueira, mas hoje em dia a água não é utilizada dessa maneira. Engraçado aqueles anúncios na minha época, onde diziam “Cuidem da água”, mas era motivo de chacotas pela grande maioria, pensavam que a água jamais iria acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Nos meus velhos tempos, a quantidade de água recomendada como como ideal para beber era de oito copos por dia, mas hoje... só posso beber meio copo.

Nossas roupas atualmente são descartáveis, o que aumenta consideravelmente a quantidade de lixo, e com isso fomos obrigados a utilizar aqueles poços sépticos (fossas) como no século passado, pois as redes de esgotos não são mais usadas por falta de água.

A aparência da população é horrível; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas, pois não existe mais a camada de ozônio, que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são as principais fontes de emprego e os salários são pagos com água potável.

Os assaltos por uma garrafa água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, e como conseqüência, há muitas crianças com insuficiências, mutações e deformações.

O governo cobra pelo ar que respiramos, e as pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar, embora não sendo de boa qualidade, é possível respirar. A idade média da população é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação, normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exército.

A água tornou-se um tesouro muito cobiçado (mais que o ouro ou diamantes). As árvores não existem mais, porque é muito difícil chover, e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Sempre fomos alertados que devíamos cuidar do meio ambiente, só que ninguém o fez.

Quando minha filha me pede que conte a ela a minha época de jovem, descrevo o quão era bonito os jardins, as flores, conto a ela das chuvas, do agradável prazer de tomar banhos todos os dias, como era bom pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse sem objeções alheias, falava da nossa saudável saúde, e ela costuma perguntar: Mas papai, porque que a água acabou?!

Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente, ou simplesmente, não levamos em conta tantos avisos. Agora nossos filhos pagam um preço alto, e sinceramente, creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.

Ahhh, como gostaria que o tempo voltasse, faria com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar nosso planeta.

Questão de foco

Logo que a NASA iniciou o lançamento de astronautas, descobriram que as canetas não iriam funcionar com a gravidade zero. Para resolver este problema, contrataram a Andersen Consulting (hoje Accenture).

Gastaram 12 milhões, e ficaram 10 anos desenvolvendo uma caneta que escrevesse com a gravidade zero, ao contrário e de ponta cabeça, debaixo d'água, em praticamente qualquer superfície, incluindo cristal e em variações de temperatura.

Já os russos, utilizaram um lápis.


... isso é o que conhecemos por foco no problema e foco na solução.