sexta-feira, 21 de março de 2008

O Conhecimento e as Bactérias

Vivemos num mundo que é uma ficção subjetiva, uma representação mental perdida entre inúmeras, entre infinitas perspectivas possíveis. Nossos sentidos só enxergam a superfície de um ângulo da realidade e, para eles, todo o resto é negro e impenetrável. Não podemos abrir as cortinas da realidade para olhar o que está por detrás das aparências. Tudo que podemos conhecer é tudo aquilo que podemos tatear, às escuras, com as frágeis e trêmulas mãos do nosso intelecto.

Todo o nosso conhecimento, deste modo, não passa uma sofisticada suposição – que, apesar de lamentavelmente frágil e limitada, é tudo que temos. Nós nunca teremos quaisquer certezas plenas a respeito de quaisquer assuntos. Buscar verdades absolutas racionalmente é uma ingenuidade, é como correr de modo desesperado a fim de alcançar o horizonte – o anseio por tais verdades, ao contrário do que gostaríamos de acreditar, não nasce da busca pelo conhecimento, mas da busca pela segurança, pela paz na alma.

E, enfim, quem ainda pensa que, ao buscar o conhecimento, está lutando por uma causa supostamente nobre, está a enganar-se, pois isso não passa de uma autobajulação para justificar um esforço vão. A nobreza não existe; lutamos porque queremos, lutamos para nada e, no fim, nos tornaremos nada – para a felicidade das bactérias decompositoras.


Fonte: niilismo

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