segunda-feira, 16 de março de 2009

Crise de Ética

Voltando da ressaca.

A profana “eles fingem que pagam e eu finjo que jogo”, de Vampeta, até hoje é mandamento, para os boleiros.
Uma luva não paga, sequer, é pé a menos na dividida.

Jogador de futebol adora não receber salário.
Na surrealidade deles, acordar cedo para treinar; fazer trabalho físico; ser cobrado ao sair na noite; receber vaias… ganhando “apenas” 100/200 mil, é o pior emprego do mundo.
E pagamento atrasado, é a melhor alforria.

Se joga mal, era “a cabeça que estava preocupada com o extra-campo”.
Se chega atrasado, será perdoado, pois “estava resolvendo problemas pessoais”.
Se desacata algum colega, era o “stress ocasionado pelas contas de casa”.

Desculpinhas prontas, que saem para acobertar o mal rendimento.

Longe de mim, defender a falta de compromisso, dessa diretoria, que faz sumir dinheiro, como mágica. Salários atrasados são sim, um problema.
Mas a realidade é fria. A maioria dos trabalhadores mundiais, se não estão desempregados, convivem com a falta de dinheiro, trabalhando até redobrado, para não serem pegos pelo fantasma da crise.

Já passou da hora de pararem de acobertar os jogadores. No campo, você perde, quando joga mal. Ninguém pensa nos impostos, quando faz um cruzamento, ou no preço do dólar, quando tenta desarmar o adversário.

Criou-se um tabu. Se o time não recebe em dia, perde.
E contra o América, Atlético Mineiro, Goiás…? Os salários estavam em dia. Por que, então, aconteceram os mesmos erros da semifinal?

O Flamengo novamente perdeu para si próprio. Achou que poderia ganhar a qualquer momento e se enganou. Pela enésima vez.

E vai continuar perdendo, enquanto não parar de se esconder e admitir que está longe de ser perfeito.

A um ano, “temos um grupo qualificado, que cresce, na hora do ‘vamos ver’”.
A um ano, somos alvos de trocentos Maracanazos, graças à despedida do Joel, confusões do Marcinho, salários atrasados…
Nunca pela soberba, falta de comprometimento, ou deficiência técnica. Isso não existe na Gávea.

Uma nação em crise não precisa de plano. Precisa de homens.” - Gudin

SRN

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