Um ser misterioso e rude caminha pelas ruas da cidade. Não se esconde. Revela-se. Exibe-se. E jamais se envergonha. Ele é homem. Masculino. É o macho alfa. As mulheres que não o conhecem, o temem. Aquelas que convivem com um exemplar da espécie, se subjugam. Macho alfa não dá espaço para conversa. Não existe diálogo. Dá ordens. E faz com que as normas estipuladas por ele sejam cumpridas, em sistema uniforme e espartano. Não gostou? Lamenta-se.
O macho alfa se apresenta como uma figura moderna. Nasceu para ser herói, apesar da suposta selvageria. Veio à luz para salvar a raça masculina da decadência inciada com a chegada do século XXI. Odeia feministas mal comidas. Ignora mulheres com discursos independentes e retrógrados. Coloca-as no lugar delas. Cobra respeito e dedicação. Não chora. Faz chorar.
O macho alfa se impõe como líder. Em casa, no trabalho, ao volante, em qualquer lugar. Como um lobo, um primata ou um leão, trata as mulheres de acordo com a ordem social dos animais superiores. “Tem força, habilidade para caça, facilidade para tomar decisões, personalidade marcante e bravura”, como se diz por aí. Como numa selva (mesmo que de pedra), o macho alfa se alimenta primeiro e mantém a preferência na escolha da parceira sexual.
Homens à frente de tal posto revelam o domínio com rosnados, rugidos e mordidas. Põem à prova o poder conquistado a quem se imaginar capaz de enfrentá-lo. Mesmo que o adversário seja uma delicada mulher. Macho alfa define o destino das férias da família, a cor do carro novo, o valor das despesas do cartão de crédito, a hora do descanso, o canal da televisão, o cardápio do jantar, os momentos de lazer. Se pudesse, escolheria o sexo do filho.
O macho alfa também não admite frescura entre os semelhantes. Esporte é futebol. Televisão é SporTv. Bebida é cerveja. Comida é carne. Música é rock n´ roll. Roupa é jeans e camiseta. Cueca é uma a cada três dias. Meias devem ser trocadas só em caso de extrema necessidade. O ser dominante também não usa perfume. O cheiro é o natural. Desodorante é subterfúgio, coisa de peroba. Pentear o cabelo? Só no Dia das Mães ou em entrevista de emprego.
O ser primordial entende como poucos o próprio potencial. Sabe que o comportamento agressivo e às vezes intolerante provoca críticas, protestos, manifestações e discursos coléricos do mulherio desorientado. Encara tudo, porém, como tentativas de aproximação. Se cada panela tem a sua tampa, cada mulher tem o seu macho alfa correspodente. Sentem-se protegidas, bem-cuidadas, como as mulheres de atenas do Chico Buarque de Hollanda.
Ditador. Déspota. Autoritário. As acusações proferidas contra o paladino dominante são da mulherada solitária. Tenta lhe denegrir a imagem de todas as formas. Alegam, em discurso, proteger as colegas de sociedade. Mas, no fundo, pretendem que as outras sejam como elas: infelizes. Mesmo assim, o macho alfa entende todas as representantes do sexo feminino. Não se abala nem responde a críticas. É superior e de reputação ilibada.
O macho alfa sabe o que quer. Sabe a que veio. Não perde tempo com bobagens e baboseiras. Trabalha com ação e reação, como na física de Newton. Bateu, levou. Reclamou, estalou. Chegou para restabelecer a ordem natural das coisas. Surgiu para retomar a harmonia do universo. Está aí para reerguer a unimultiplicidade do planeta. Faz valer as normas em nome do bem maior. E pobre de quem diga - ou faça - o contrário.
Fonte: Totalmentesemnoção
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