Um sol de outono rompe por entre a copa das árvores. O vento é leve e morno, mais parece uma carícia pelo rosto. Sob os meus pés um extenso tapete de folhas secas que meus passos fazem estalar (...um balanço!), aproximo-me.
Enquanto o corpo balança o pensamento voa, seguindo a trilha de tempos idos quando a felicidade se disfarçava de monotonia. O quintal da nossa casa era meu pequeno mundo. Mamãe lavando a roupa, papai cuidando dos animais, vovó aquecendo-se ao sol. Meu irmão corria em torno da casa (...bam! bam!) gritava ele, perseguindo algum inimigo imaginário com seu revólver prateado. Papai sorria afável.
Eu com 3 anos de idade remexia os brinquedos. Gostava de ficar na sala onde uma singela árvore de natal ornava o ambiente. Observava as bolas coloridas admirando o reflexo do menino curioso. Aproveitando-me da ausência da mamãe, com certa dificuldade equilibrava-me no encosto do sofá alcançando assim a janela. Como me alegrava em ficar debruçado olhando a rua!!
A grande casa dona "Norda" (nossa vizinha), com suas janelas repletas de travesseiros e roupas de cama ao sol. As pessoas no vai e vem rotineiro. O cheiro da carne assada era o meu convite para o almoço, depois o passeio com a vovó; presença inestimável na minha primeira infância.
Um dia o imenso caminhão parou em frente da minha casa. Aos poucos e a custo nossas coisas foram depositadas nele. Mamãe confiou ao meu irmão um abajour de louça e nos recomendou que acompanhássemos a vovó até a nova casa. Nossos balanços ficaram esquecidos... nossa casa vazia... nosso quintal solitário...
De repente um vozerio. Posso distinguir; são crianças!! Devem estar chegando chegando para brincar. Ergo-me. E novamente caminho dentro da tarde bucólica sob o tapete de folhas secas...
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