Sou um cientista.
Deve fazer uns quinze anos que estou envolvido num experimento secreto a que eu mesmo dei início. A natureza e os resultados dessa pesquisa estão sendo divulgados aqui pela primeira vez.
O método
Sempre que estou dirigindo sem muita pressa fico de olho nas pessoas andando na calçada e saindo/entrando de carros estacionados. Quando estou a ponto de passar pela pessoa (e aqui o timing é fundamental), dou aquelas duas buzinadinhas simpáticas (curtas e pouco espaçadas) que se costuma dar quando se encontra um amigo pela rua – ao mesmo tempo em que ergo o braço direito em saudação, mantendo-o levantado até sumir de vista. A idéia é dar à pessoa a impressão de que o motorista do carro está passando a conhece, não dando a ela a oportunidade de me ver mais do que de relance. Para fins de isenção e uniformidade, é importante que a pessoa a quem as buzinadinhas estão sendo dirigidas esteja sozinha e – naturalmente – me seja inteiramente desconhecida. Observo a reação da pessoa pelo retrovisor.
Os resultados
Ignoro quantas pessoas já submeti ao método, mas são pelo menos quinze anos de pesquisa: chutemos, por baixo, duzentos desconhecidos, entre homens e mulheres. Os resultados:
Para ser mais exato, em todo tempo de pesquisa apenas uma mulher devolveu a minha saudação (ainda creio que ela possa ter me reconhecido!), e apenas dois homens abstiveram-se de fazê-lo.
- Praticamente todos os homens respondem à buzinadinha acenando com a mão.
- Praticamente nenhuma mulher reage à buzinadinha (seja acenando com a mão ou olhando na minha direção).
Conclusões possíveis
- as mulheres são surdas;
- os homens são inseguros e querem agradar a todos, mesmo quando não têm certeza de quem se trata;
- as mulheres querem se fazer de difíceis;
- os homens são fáceis;
- as mulheres só respondem às saudações de quem reconhecem sem qualquer sombra de dúvida;
- os homens são mais sugestionáveis;
- as mulheres só respondem as buzinadinhas de outras mulheres.
Agora que o projeto e seus primeiros resultados estão sendo divulgados, creio ser hora de estender a pesquisa. Convido os leitores a aplicarem o método sobredescrito e publicarem aqui os resultados. Estou pessoalmente interessado nos resultados para os casos em que o motorista é mulher, e também nas variações regionais (nordeste, alguém? Estados Unidos?) nos casos em que o motorista é homem e o testado mulher.
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